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Atividades realizadas no piloto automático durante toda a nossa rotina pode levar à crise de ansiedade

Crise de Ansiedade: escolhas no piloto automático

A habilidade do ser humano em tomar decisões no piloto automático colaborou muito para a evolução da nossa espécie, mas ao mesmo tempo, é um dos componentes que causam grandes crises de ansiedade.

O ser humano tem uma habilidade fantástica em gastar menos energia para atividades que não considera relevante. Com isso, conseguimos deixar num segundo plano atividades como escovar os dentes, lavar a louça, varrer a sala, enquanto nosso cérebro está trabalhando (e gastando energia) em atividades muito mais importantes como pensar em solucionar algum problema.

Até aí palmas para a evolução, que dá a oportunidade da mente se desconectar do corpo para que possamos ser mais produtivos. Nosso corpo faz o trabalho duro, enquanto a mente antecipa soluções para futuros problemas. Exemplos básicos: enquanto dirijo, preparo mentalmente a minha agenda do dia. Enquanto escovo os dentes, penso no trajeto que vou fazer até o próximo compromisso. Enquanto estou na reunião da equipe, penso no cardápio do jantar das crianças. Enfim, vivo duas vidas em uma. Olha que maravilha!

O problema dessa desconexão acontece quando vivemos essa vida dupla constantemente. Porque esse hábito leva a crise de ansiedade e irritabilidade.

“Mas o maior problema tem sido as escolhas no piloto automático que muitas pessoas fazem sem levar em conta o que realmente estão em condições e desejando fazer” – Vera Iaconelli, no livro Criar Filhos no Século XXI

Piloto automático na rotina

Proponho um exercício: durante um único dia, anote os momentos que sua mente e corpo estão unidos em uma única tarefa. Se você for como eu, tomará um susto. Quando fiz esse exercício, percebi que até ao namorar com meu marido minha cabeça vagava e demorava a curtir o momento em conjunto com meu corpo.

No meu acompanhamento, eu percebi que passava mais de 80% do meu período produtivo totalmente desconectada do corpo e da mente. E olha só que terrível: como meu trabalho é produzir conteúdo, eu deixava minhas mãos sobre o teclado trabalhando, enquanto minha mente vagava. Resultado? Estava muito pouco produtiva e eficiente. A ansiedade e a irritabilidade eram minhas companheiras diárias.

Num sábado, enquanto me preparava para mais um curso de aperfeiçoamento busquei um podcast para baixar, assim teria distração nos momentos de tédio. Olha só o nível da pessoa!!! E juro, eu achava aquilo tudo muito normal e até bem-vindo. Pensava: “uau! Como sou produtiva. Aprendo na aula, vasculho as redes sociais e ainda ouço um podcast nos intervalos. Sou realmente f….”.

O que eu não esperava é que o podcast era o Autoconsciente, da Regina Giannetti (deixo o link aqui: https://www.autoconscientepodcast.com.br). Baixei dois episódios, sendo que o primeiro comecei ouvir no metrô “Muita Coisa para Fazer”. Já foi um tapa (amoroso) na cara. O segundo foi ‘O Que Seu Corpo Tem para lhe Dizer”. Esse eu ouvi parte na ida e parte na volta para casa.

A Regina, que é jornalista como eu e instrutora de Mindfulness, alerta sobre as diversas armadilhas da vida moderna em que somos incentivados a colocar o nosso piloto automático a trabalho o tempo todo, com a promessa de que seremos mais eficientes. E o resultado? Ficamos cada vez mais atrapalhados e MENOS eficientes. Fiquei boba com aquele alerta. Acabei fazendo uma maratona naquele final de semana e ouvindo todos os episódios.

Como já tinha participado de um programa de Mindfulness, entendi rapidamente algumas propostas do podcast, mas tive que revisitar alguns episódios outras tantas vezes, colocando meu corpo e mente conectados num mesmo momento, para entender verdadeiramente os episódios, principalmente os que falam do Perfeccionismo e da Autocrítica.

Meu exercício de auto observação

Foi aí que fiz o exercício que expliquei lá em cima. Me propus a me auto observar, anotando quando meu corpo e alma estavam realmente conectados. Não fiz apenas por um dia, mas mapeei toda uma semana. Fiquei aterrorizada. Nem nas atividades mais prazerosas como correr, almoçar com meus filhos, assistir um filme ou namorar com meu marido, minha mente estava totalmente presente. Eu me pegava respondendo “hahan” para meu filho quando ele estava me explicando coisas importantes. Ou bebendo uma cerveja sem perceber o sabor ou a temperatura da bebida. Almoçando sem nem perceber o que tinha colocado no prato. Escrevendo sem consultar as anotações, confiando em uma parte do meu cérebro que de tão cansado parecia mais velho que meus 46 anos.

A partir de então, voltei a praticar a meditação e a yoga, que havia abandonado. E inclui pelo menos 5 minutos de Mindfulness para me observar e SENTIR meus sentimentos.

Estou no começo dessa jornada e já percebo o quanto estou mais consciente. Minha ansiedade vem sendo reduzida diariamente.

Olha só essa experiência:

Fiquei sem carro por quase três semanas. Para economizar, me propus a caminhar a maior parte do tempo. Como tenho um bom preparo físico, consegui caminhar até 10 quilômetros num mesmo dia. Nessas longas caminhadas, fiz alguns exercícios como sentir o que meu corpo estava sentindo (parece redundância, né?). Por exemplo, num dia de muito calor, ao invés de deixar a minha mente divagar e antecipar a minha agenda, permiti sentir a pele suando, o contato da sandália na sola dos pés, os ouvidos ouvindo os passarinhos, os olhos se deliciando com as casas antigas do bairro. Quando cheguei no escritório, sentei e consegui produzir as atividades de um dia em apenas 3 horas. Estava tão focada, que a inspiração veio fácil.

Outro dia, voltando de metrô de uma palestra coloquei para ouvir outro podcast: “Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes”. Nesse dia, já que estava no metrô, me permiti sentir com o meu corpo todas as sensações que a minha mente produzia ao acompanhar a história da Frida Kahlo. Foi tão sublime que me arrepiei e chorei copiosamente com a história. Cheguei em casa plena, completa e disponível para a família.

Outro benefício que tenho sentido é a compra mais consciente. Nunca fui consumista, mas caio em tentação com coisas baratinhas em que meu piloto automático pega e paga. Como estou me propondo a estar presente na maioria das atividades, diminui muito essas aquisições desnecessárias.

E o mais interessante: meu nível de ansiedade diminuiu drasticamente. Fico bem menos Pré-Ocupada com os afazeres, com as responsabilidades, com o futuro e com as contas a pagar. Também tenho conseguido ouvir mais as pessoas e entender quando a minha irritabilidade está se instalando.

Mas você deve estar se perguntando se eu não uso mais o seu piloto automático. Claro que uso. Lavar louça, por exemplo, é um momento excelente para divagar! Aí boto um bom podcast, por exemplo, “O Presidente da Semana” e deixo minha mente se divertir enquanto meu corpo ralha. Também uso meu piloto automático para atividades menos complexas. Mas nas atividades mais importantes ou mais prazerosas, estou me propondo a estar totalmente conectada. É um exercício diário, mas tem me feito muito bem.

Por que você também não tenta? Tenho certeza que vai fazer muito bem!

Kátia Marim Treviso é jornalista, proprietária da Zunca Press Conteúdo Digital. Atualmente está em plena jornada de resgate da sua essência, por isso faz meditação, pratica yoga, gosta de corrida de rua e pedala aos finais de semana. Também faz terapia e pratica Mindfulness. Tem como projeto e propósito de vida colaborar para que as pessoas possam também Agitar a Sua Essência para ter uma vida mais plena.

Katia Marim Treviso

Kátia Marim Treviso é jornalista de formação, trabalhou mais de 20 anos no ambiente corporativo como executiva de Marketing. Atualmente é sócia-proprietária da Zunca Press Conteúdo Digital, especializada em Marketing Digital e criadora do movimento Agite sua Essência.

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